quinta-feira, 11 de março de 2010

In Memoriam : Johnny Alf

Hoje abrimos um espaço mais do que necessário e merecido a um músico brasileiro - Johnny Alf, um dos precursores da bossa nova.



Cantor, pianista e compositor Johnny Alf morreu na Quinta-feira (4/3/2010) em Santo André (SP). Ele estava internado em estado grave no hospital Mário Covas, em Santo André, na Grande São Paulo. Ele tinha 80 anos.

Johnny Alf, nome artístico de Alfredo José da Silva - nascido no Rio de Janeiro em 19 de maio de 1929 — lançou em 1955 "Rapaz de bem" e "O tempo e o vento" em um compacto que foi considerado o primeiro disco da bossa. Segundo o escritor Ruy Castro, Alf é "o verdadeiro pai da bossa nova".Tom Jobim, outro pioneiro da bossa, costumava chamá-lo de "Genialf".

"Chega de saudade", de João Gilberto, só apareceria três anos depois, num dia de agosto de 1958 quando chegou nas lojas de discos brasileiras o 78 rotações de número 14.360 do selo Odeon com esta música.

Por sugestão de uma amiga norte-americana, adotou o pseudônimo de Johnny Alf, quando de sua apresentação no programa de jazz de Paulo Santos, na Radio MEC.

A palavra 'bossa' era um termo da gíria carioca que, no fim dos anos cinqüenta , significava 'jeito', 'maneira', 'modo'. Quando alguém fazia algo de modo diferente, original, de maneira fácil e simples, dizia-se que esse alguém tinha 'bossa'. E a expressão 'Bossa Nova' surgiu em oposição a tudo o que um grupo de jovens daquela época achava superado, velho, arcaico, antigo.

Uma das características mais marcantes da bossa nova era o violão com a célebre batida diferente, sincopada no tempo fraco pelos bateristas, muitos acordes dissonantes, poesia diferente das letras, cantores diferentes dos mestres. A Bossa Nova não seria melhor nem pior. Seria completamente diferente de tudo, mais intimista, mais refinada, mais alegre, otimista. Diferente.

Radicado em São Paulo, Johnny Alf compunha e fazia shows em casas noturnas, alem de gravar ocasionalmente. Um de seus discos mais recentes, Olhos negros, contou com participações de Chico Buarque, Roberto Menescal, Leny Andrade e outros, e reuniu sucessos antigos com composições novas como Olhos negros e Nossa festa. Em janeiro de 1998, depois de sete anos sem gravar, apresentou-se no SESC Pompéia, São Paulo, em A Rosa do Samba, show de lançamento do CD Noel Rosa – Letra e musica (selo Lumiar), que inclui sua nova composição Noel, Rosa do Samba (com Paulo César Pinheiro).

Para o curador da exposição “Bossa na Oca” - São Paulo/2008 - Marcello Dantas, Alf, que morreu sem deixar parentes e vivendo em um asilo na Grande São Paulo, foi desvalorizado pela memória do país. “É o caso clássico do artista que não teve o reconhecimento a altura de seu talento. E Alf foi um gênio, teve participação na história da nossa música”.

No Youtube, um admirador da obra deste grande músico - Rogerio Fabiano - deixou o seguinte depoimento :
"Emocionado, ouço esse excepcional intérprete, capaz de recriar sua própria e imortal composição. Há 15 anos, aplaudi Alf no Jazzmania, casa que não mais existe aqui no Rio. Fosse ele americano, teria vivido em condições muito diferentes, cutuado pelos apreciadores desse estilo de música e com espaço na mídia. Johnny Alf era brasileiro. Que saibamos respeitar sua memória e nos emocionar, através do tempo, com a sofisticada e invulgar beleza de suas criações".

E como também muita gente disse esta semana "O Brasil precisa respeitar e reconhecer as verdadeiras estrelas e não esse emaranhado de gente medíocre em busca de fama que invade rádios e tvs. É triste constatar que em nesse país se dá mais valor aos 'rebolations', 'Chimbinha' e 'Calcinha Preta' da vida".

Aqui nossa humilde homenagem ao percursor do estilo que sempre cai bem com violão ou guitarra :

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